(Texto que escrevi há um tempo e foi publicado no Caderno do Estudante da UFS)
Vocês já tiveram um bichinho de estimação? Pois eu tenho. Ele se chama Paixão. E Paixão não é cachorro, nem gato, nem papagaio, nem iguana. Paixão é... Paixão. Eu gosto muito dele. Tanto que nem sei contar. Não foi presente de meu pai, de minha mãe ou de minha tia. Ele que veio sozinho morar comigo. E ninguém reclamou porque ele não late, não mia, não cacareja, não incomoda ninguém. Só a mim. Sabe por quê? Porque ele mora aqui dentro: no meu peito.
Antigamente, Paixão só vinha de vez em quando. Tão raramente que eu pensei ser miragem. – Ah! Paixão? – eu dizia – Paixão é coisa de gente boba. Igual a bicho papão e monstro do armário. É fruto de imaginação. É só a gente crescer que ele some. Mas à medida que fui crescendo ele foi ficando mais tempo, mais tempo, até que se instalou de vez. Está comigo até hoje. Veio morar dentro de mim depois que fiquei grande por causa do espaço (Também, quem gosta de viver apertadinho, não é?).
No começo eu não gostava dele. Sempre o achei meio folgado, espaçoso e enxerido. – Oras, mas que bicho mais chato, – eu reclamava – é só ele aparecer que eu fico sem graça, sem jeito, acanhada. Nem consigo mais ser eu mesma. Minha mão transpira, minha voz falha. E eu fico sem saber pra onde olhar. Imagina que outro dia fui falar com um amigo e Paixão apareceu. Dito e feito! Eu não conseguia mais falar uma palavra. Gaguejei mais que tudo. Ah! Paixão você me paga!
Eu ficava muito brava quando ele aparecia. Mas estamos juntos há tanto tempo que me acostumei. Paixão agora já faz parte de mim. Eu nem ligo mais pra bagunça que ele faz. E olha que ele faz muita bagunça! Pensem num bicho danado! É difícil ele ficar parado. Às vezes ele começa pular no peito e outras vezes ele dá um nó na minha garganta e ainda tem vezes que ele parece borboleta no meu estômago. Isso me dá uma canseira! É tanto mexe e remexe, tanto pula que pula, tanta bagunça que eu fico incomodada. Dá até dor de cabeça, sabia?
De vez em quando ele fica quietinho. Mas é bem de vez em quando mesmo. Ele se cansa e tira um cochilo. Neste momento eu aproveito e fico quietinha que é pra ele não acordar. Mas sabe o que acontece? Eu já estou tão acostumada com tanto reboliço que quando ele adormece por muito tempo, começo a sentir falta e faço tudo pra ele despertar. Grito, choro, esperneio. Aí ele volta, serelepe, saltitante e feliz da vida.
Paixão tornou-se um companheiro inseparável. Acompanha-me no trabalho, em casa, na faculdade, nas minhas mais loucas aventuras. Não faço mais nada sem ele. E quando ele não está comigo tudo fica sem graça, parado, chato... Porque NADA faz sentido sem Paixão.
(Grazielle Santos Silva)
* Pôster do filme "Where the wild things are". Porque sempre imaginei como seria a cara da paixão se pudesse materializá-la.
Vocês já tiveram um bichinho de estimação? Pois eu tenho. Ele se chama Paixão. E Paixão não é cachorro, nem gato, nem papagaio, nem iguana. Paixão é... Paixão. Eu gosto muito dele. Tanto que nem sei contar. Não foi presente de meu pai, de minha mãe ou de minha tia. Ele que veio sozinho morar comigo. E ninguém reclamou porque ele não late, não mia, não cacareja, não incomoda ninguém. Só a mim. Sabe por quê? Porque ele mora aqui dentro: no meu peito.
Antigamente, Paixão só vinha de vez em quando. Tão raramente que eu pensei ser miragem. – Ah! Paixão? – eu dizia – Paixão é coisa de gente boba. Igual a bicho papão e monstro do armário. É fruto de imaginação. É só a gente crescer que ele some. Mas à medida que fui crescendo ele foi ficando mais tempo, mais tempo, até que se instalou de vez. Está comigo até hoje. Veio morar dentro de mim depois que fiquei grande por causa do espaço (Também, quem gosta de viver apertadinho, não é?).
No começo eu não gostava dele. Sempre o achei meio folgado, espaçoso e enxerido. – Oras, mas que bicho mais chato, – eu reclamava – é só ele aparecer que eu fico sem graça, sem jeito, acanhada. Nem consigo mais ser eu mesma. Minha mão transpira, minha voz falha. E eu fico sem saber pra onde olhar. Imagina que outro dia fui falar com um amigo e Paixão apareceu. Dito e feito! Eu não conseguia mais falar uma palavra. Gaguejei mais que tudo. Ah! Paixão você me paga!
Eu ficava muito brava quando ele aparecia. Mas estamos juntos há tanto tempo que me acostumei. Paixão agora já faz parte de mim. Eu nem ligo mais pra bagunça que ele faz. E olha que ele faz muita bagunça! Pensem num bicho danado! É difícil ele ficar parado. Às vezes ele começa pular no peito e outras vezes ele dá um nó na minha garganta e ainda tem vezes que ele parece borboleta no meu estômago. Isso me dá uma canseira! É tanto mexe e remexe, tanto pula que pula, tanta bagunça que eu fico incomodada. Dá até dor de cabeça, sabia?
De vez em quando ele fica quietinho. Mas é bem de vez em quando mesmo. Ele se cansa e tira um cochilo. Neste momento eu aproveito e fico quietinha que é pra ele não acordar. Mas sabe o que acontece? Eu já estou tão acostumada com tanto reboliço que quando ele adormece por muito tempo, começo a sentir falta e faço tudo pra ele despertar. Grito, choro, esperneio. Aí ele volta, serelepe, saltitante e feliz da vida.
Paixão tornou-se um companheiro inseparável. Acompanha-me no trabalho, em casa, na faculdade, nas minhas mais loucas aventuras. Não faço mais nada sem ele. E quando ele não está comigo tudo fica sem graça, parado, chato... Porque NADA faz sentido sem Paixão.
(Grazielle Santos Silva)
* Pôster do filme "Where the wild things are". Porque sempre imaginei como seria a cara da paixão se pudesse materializá-la.
3 comentários :
Adoreeeeeeeeeeei!
Ah, paixããão!!
...
:*
Que texto lindo, maravilhoso! Parabéns!!! ;o)
Beijos e pétalas.
Adorei o texto, tem um quê de inocência, mas as idéias vão muito além... transparece o que sentimos mesmo, a paixão por cada coisa em nossa vida. ADOREIIIIIIII, beijos Grazi!
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