A maioria dos problemas de arritimia e palpitação seriam resolvidos se a gente não tivesse a mania de tentar pular no futuro e ver se o caminho tomado foi realmente o correto. Mas é quase inevitável consultar os astros, os búzios, os gurus ou qualquer artifício que permita descobrir se aquele projeto terá sucesso, se aquele investimento valerá a pena ou se aquele desejo é mesmo concreto. E como não nos contentamos em acreditar nessas previsões, seguimos tentando decifrar os gestos alheios, os acontecimentos, as demonstrações de o que quer que seja para concluir o que não pode ser concluído porque ainda não aconteceu. Confuso, não é? Chega ser irracional a vontade de viver o que ainda está por vir. Mas é humano. E por vezes necessário espiar o que pode estar à frente para fazer um planejamento eficaz ou antecipar erros. O que não é aceitável - mas é bastante comum - é deixar a ansiedade extrapolar seu limite e dominar as ações. Aí não há plano que se concretize nem coração que aguente. Não sei se meditar é bem a solução - todo ansioso que se preze nem consegue freiar o pensamento nesta tarefa -, mas talvez refletir e criar menos expectativas com relação a situações e pessoas já seja um bom começo. Com bastante disciplina, pouco a pouco a gente aprende a voltar para o presente.
(Grazielle Santos Silva)
* Pôster do filme "Efeito borboleta". Na trama é possível ver inúmeras tentativas sem sucesso de mudar o futuro.
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